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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dança do Ventre

A Dança do Ventre (também conhecido como Belly Dance, Danse du Ventre, Danza del Vientre ou Raks El Sharqi) é somente uma das muitas danças praticadas no Oriente Médio e no Norte da África. Tradicionalmente é um gênero improvisado e espontâneo, guiado por uma música árabe, ritmada ao som de derbakke (ou tabla), mizmar (popular flauta do baladi), al-‘ud (alaúde), daff (ou riq), violino e snujs. A dança consiste em movimentos fluidos de braço e mão, bem como shimmies (tremidos) e movimentos isolados de ombros, pélvis, cabeça e abdômen.

Segundo a vasta experiência da dançarina paulistana Vivi Al Fatna, a Dança do Ventre pode ser definida em seis movimentos primordiais: ondulações, batidas laterais, shimmies (também grafado ximis), oitos, giros e redondos.

A clássica diva da Dança do Ventre, complementou sua síntese, mencionando que a famosa dança do oriente, pode ser enriquecida com alguns acessórios que vão além das roupas ornamentadas, sendo estes: o véu (um delicado lenço colorido que mede entre 1m20cm a 2 metros de comprimento); os snujs (címbalos de metal, parecidos com castanholas); os bastões (bengalas de bambu ou plástico, utilizadas em danças folclóricas árabes, como o said); a espada (a representação da cimitarra árabe, oriunda da dança do deserto, praticada por beduínas à beira de fogueiras); o candelabro (típico acessório feminino utilizado em aniversários e bodas); o leque-véu (também chamado de fan veil, transmite a ideia de labaredas de fogo quando manuseado por profissionais); o pandeiro (instrumento folclórico de influência cigana); e as taças com vela (proveniente dos antigos haréns).

Quando um leigo pensa em Dança do Ventre é normal surgir à mente a famigerada Dança dos Setes Véus, mas o que poucos sabem, é que se trata uma alegoria do século 20, criada pelo saudoso Oscar Wilde na direção de palco de sua enigmática peça "Salomé" (1894), uma idealização teatral que ganhou aclamação popular entre 1905 e 1918. Posteriormente, houve a degeneração ocidental no conceito da Dança do Ventre, graças à deturpação erótica promovida pelo movimento burlesco, que tratou de incutir a imagem do strip-tease na dançarina oriental. Há ainda outro elemento atípico, que de igual modo trouxe conotação sexual e ao mesmo tempo ritualística à Dança do Ventre, uma vertente inspirada nas deusas mitológicas Isis (Egito) e Nidaba (Suméria), denominada Dança com a Serpente.

A Dança do Ventre pode ser exibida tanto por mulheres como por homens, considerando que o gênero masculino recria apenas uma variação performática, já que a dança original está intrinsecamente ligada à anatomia feminina, bem como a fertilidade procedente do Nilo e das deidades egípcias.

Segundo informações contidas no livro "Belly Dance: Orientalism, Transnationalism & Harem Fantasy" dos escritores Anthony Shay e Barbara Sellers-Young, no Egito do século 19, a palavra "khawal" era utilizada para dar nome ao dançarino egípcio, contudo, hoje, o vocábulo também faz referência ao indivíduo que assume o papel “passivo” numa relação homoafetiva. Já no Irã, a figura do dançarino masculino recebe o nome de “raqas-basi”, um termo que é igualmente usado como expressão homofóbica, pois, desde a infância as crianças são orientadas a agirem corretamente, caso contrário, terão má reputação tal qual um “raqas“ (uma moderna abreviação do termo). Distante dos preconceitos e da representação masculina na Dança do Ventre, o homem também poderá exercer a posição de condutor de uma dançarina oriental, desde que para isto, estenda seus braços, delineando um círculo de proteção enquanto ela dança, mas sem tocá-la.

O espaço de dança é usualmente definido por um anel de pessoas sentadas ou em pé, formado por familiares, amigos, convidados de uma celebração, clientes de uma casa noturna (nightclubs) ou turistas de um cabaré egípcio.

Se você está buscando aprofundamento no tema, não deixe de assistir algumas preciosidades cinematográficas, como: “Khalli balk min Zuzu” (1972) e “Ahl al-Hawa” (1955) com Tahia Kariyuka (Tahia Carioca); “Ma-tqulsh il-hadd” (1952), “Habib al-umr” (1947) e “Ahibbak inta” (1949) com Samiya Gamal; e “Tamar Hinnah” (1957) com Naimah Akif.

Bom, espero que tenham gostado deste modesto panorama sobre a envolvente e misteriosa Dança do Ventre. Deixo meus agradecimentos à bela Vivi Al Fatna (a qual ilustra as fotos deste artigo), cuja experiência e sabedoria, tornaram-se essenciais para condensar uma história milenar em um microcosmo de conhecimento.

Para quem procura autênticas músicas de Dança do Ventre, há uma playlist bem interessante aqui no blog: http://tavernadoperegrino.blogspot.com/2011/05/playlist-danca-do-ventre-nas-mil-e-uma.html

1 comentários:

Vivi disse...

Eu é que agradeço!!!! Obrigada pela homenagem e pelo carinho!! Quando você posta sobre esse tema, " A Cultura árabe" e a claro a "Dança do Ventre", que faz parte da minha vida há muito tempo, é muito estimulante pra mim, adoro participar!!! Eu realmente namoro com a pessoa certa, que também admira e curte a "Magia da Dança do Ventre" como eu!!! Super Beijos!!!

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