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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Monstros Marinhos e Outros Mistérios Aquáticos

Kraken: O monstro marinho da mitologia nórdica
Em pelo menos uma opinião, astrônomos, ufólogos e oceanógrafos concordam entre si: O homem tem mais conhecimento sobre a Lua do que os mistérios envolvendo as profundezas abissais da Terra.

O fundo do mar é o habitat perfeito para criaturas com características pra lá de assustadoras, entes biológicos que surpreendem até mesmo os cientistas mais experientes.

Sei que pode parecer uma fantasia verniana, mas tente visualizar uma zona abissal com mais de 8.000 metros de profundidade, gerando pressões esmagadoras que atingem até 11.000 psi (pounds per square inch ou libra força por polegada quadrada), algo equipolente a cinquenta aviões jumbos (Boeing 747) empilhados sobre você.

Crânio de um Pliossauro no Museu do Condado de Dorset, Inglaterra
Portanto, diante de adversidades tão titânicas como essas, seria muita arrogância da raça humana acreditar que catalogou grande parte das espécies viventes, ainda mais se levarmos em conta que a superfície do "planeta azul" é coberta por dois terços de oceanos e mares (360.000.000 km2), e disto, apenas 5% foi mapeado.

Estimativas atuais apontam que o número de espécies não documentadas pode variar entre 10 e 30 milhões, e isso não é exagero, já que os oceanos oferecem 99% do espaço da Terra aonde a vida pode se desenvolver.

Lula Gigante encontrada próxima a ilha Chichijima, no Japão
Se toda água do mundo fosse dividida entre os habitantes da Terra, cada um teria direito ao equivalente a oitenta piscinas olímpicas, entretanto, se fizéssemos uma divisão igual de terra seca, cada pessoa receberia pouco mais de quatro campos de futebol.

Extrapolando todos os recordes, encontra-se a Fossa das Marianas (Mariana Trench, em inglês), a mais profunda depressão oceânica, localizada na região das ilhas Marianas, no Oceano Pacífico, 5.300 km a leste do Havaí. Trata-se de um vale subterrâneo que alcança 11.500 metros de profundidade (zona hadopelágica), sete vezes mais que o colossal Grand Canyon, no rio Colorado, nos Estados Unidos.

Peixe-Diabo Negro ou Humpback Anglerfish
Foi neste indômito abismo submarino, ausente de luz solar, que o hidronauta suíço Jacques Piccard (1922-2008), colocou a prova sua inovadora invenção, o batiscafo Trieste, uma espécie de submarino exploratório, construído para ultrapassar grandes profundidades oceânicas em poucas horas.

Em 1960, descendo exatos 10.916 metros (35,800 pés), num impressionante percurso de cinco horas de duração, Piccard e o tenente da Marinha norte-americana Donald Walsh, vivenciaram um mundo paralelo com estranhas criaturas bioluminescentes, dentre essas o Peixe-Diabo Negro (Melanocetus johnsonii) e o Polvo Dumbo (Grimpoteuthis).

Tubarão-Duende ou Goblin Shark
Se um tubarão comum é aterrorizante, imagine defrontar-se com um monstro marinho que reside nas profundas águas japonesas, o Tubarão-Duende ou Goblin Shark (Mitsukurina owstoni), uma espécie predadora extremamente rara e feia.

Uma recente pesquisa científica comprovou que determinadas bactérias podem viver milhas abaixo da superfície da Terra, aconchegando-se em fontes hidrotermais oceânicas. Da mesma maneira, há indícios de bactérias que vivem em lagos antárticos congelados por milhares de anos.

Os Mistérios do Triângulo das Bermudas, por Mark Stevenson 
Já no campo ufológico, existem as inexplicáveis aparições tecnológicas em formato cilíndrico, circular ou esférico, os ditos OSNIS (Objetos Subaquáticos Não Identificados) ou USO (Unidentified Submarine Object), os quais são sustentados pela teoria da base submarina extraterrestre.

Você sabia que Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a relatar num diário de bordo, um surpreendente avistamento de OSNI? O episódio aconteceu na noite de 11 de outubro de 1492, numa das viagens do navegador pelo traiçoeiro Mar dos Sargaços, e o estranho objeto em formato de orbe, revelou uma intensa luz após sair da água, que nas palavras de Colombo, era similar a uma chama de vela que subia e descia pelo céu.

Supostas evidências que se fundem a outra incógnita aquática, o mistério do Triângulo das Bermudas, uma região no Oceano Atlântico (entre as Bermudas, a Flórida e Porto Rico), responsável por centenas de desaparecimentos, entre embarcações e aviões, sejam estes civis ou militares. A área também é conhecida como "Mar da Confusão" e "Porto dos Navios Desaparecidos", e por deixar poucos vestígios, muito se especula sobre intervenção alienígena. Seguindo a mesma sorte, do outro lado do planeta, encontra-se uma fronteira aquática ainda mais terrível, o Triângulo do Diabo, que desde os primórdios do Japão Feudal vem sendo o ícone de assustadoras aparições, como navios fantasmas e OSNIS pouco amigáveis.

Atlântida, o reino perdido
Não obstante, encontra-se a famosa lenda da Grécia Antiga, que descrevia uma gigantesca ilha no Oceano Atlântico, ora habitada por um povo evoluído em tecnologia e cultura.

Para o filósofo Platão, o continente perdido da Atlântida teria desaparecido repentinamente há 9 mil ou 10 mil anos, o que leva à suposição de uma grande derrocada nuclear como possível causa da submersão.

Há algumas décadas, acreditava-se que os arquipélagos de Açores, Madeira e Canárias seriam vestígios desse continente, contudo, novas descobertas apontam uma atual localização no mar do Caribe.

Ulisses e as Sereias, obra de Hebert James Draper (1909)
Outro mito que migra por diversas culturas relata um ser híbrido, metade mulher e metade peixe, a lenda das sereias (também chamadas de nereidas ou ondinas), seres que habitavam os rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália, atraindo os tripulantes das naus que ousavam navegar por ali. Na epopeia grega de Homero: "A Odisseia", Ulisses conseguiu escapar do pérfido canto hipnótico das sereias, utilizando cera de abelha nos ouvidos e amarrando-se ao mastro de seu navio.

Segundo a mitologia grega, originalmente, as sereias eram entidades aladas com vozes melodiosas, cujo encanto, provocou a inveja de Hera, que arrancou suas asas e as deixou precipitar na espuma dos oceanos.

Próximo deste conceito de cruzamento entre espécies, há a crendice escocesa nas selkies, também conhecidas como mulheres-focas, e, no Mar Egeu, o imaginário é revelado em sinistras criaturas chamadas tritões.

Сирена, obra de Колетт Калашон (2001)
No Brasil, adaptamos nosso próprio folclore de sereia, a lenda de Iara. Vivendo nas águas doces do Rio Amazonas, em cujas pedras vêm se exibir nas noites de luar, Iara penteia seus longos cabelos verdes com um ornamentado pente de ouro. Conta à tradição oral, que nossa sereia tupiniquim, adora seduzir rapazes com quem deseja contrair matrimônio, levando-os para seu palácio no fundo das águas.

Outra lenda brasileira que também revela o imaginário aquático de nosso povo é o mito do Boto Cor de Rosa. Segundo a crendice popular, o referido peixe da Amazônia se transforma num formoso varão, habilidoso na arte da dança e da conquista. O galanteador das águas tem por finalidade arrebatar jovens mulheres para seu deleite sexual no leito dos rios. Segundo historiadores, a lenda surgiu como pretexto para as moças justificarem uma gravidez fora do casamento.

Fóssil de um Plesiossauro em Paris
Para finalizar esta postagem, não poderia deixar de falar sobre a aparição aquática mais popular da Europa, o Monstro do Lago Ness. Com 240 metros de profundidade e localizado no Norte da Escócia, o Lago Ness (Loch Ness, em inglês) tornou-se em 565 d.C., palco de uma intrigante presença relatada pelo abade de St. Columba. Segundo o clérigo, uma criatura fantástica que parecia um sapo gigante, mas que não era um sapo, surgiu a sua frente, causando grande espanto e temor.

De lá pra cá, houve muita especulação quanto a seriedade dos avistamentos, em 1934, por exemplo, uma impressionante foto tirada pelo médico inglês Robert Wilson foi posteriormente considerada um embuste. Todavia, não descarte a possibilidade de existir um monstro real em Lago Ness, pois, novas evidências têm surgido para tumultuar o caso, inclusive uma recente filmagem que revela um animal parecido com um Plesiossauro do período Triássico.

Monstros Marinhos, Revista National Geographic (Dec-2005)
E se você acha que a tradição escocesa se limita a esta única criatura, saiba que os kelpies (monstros marinhos com aparência de cavalo branco ou cinza malhado) também exercem grande fascinação no povo local, ainda mais por serem possíveis antropófagos.

Diante de tudo que foi dito, teríamos um blogueiro com devaneios inspirados na obra "Vinte Mil Léguas Submarinas (1870)" de Júlio Verne ou realmente existem mistérios ainda sepultados nas águas da Terra?

Capa da obra de Thomas Hobbes (1651) 
De qualquer maneira, em regra geral, a humanidade não parece enxergar com bons olhos nada de estranho que venha das águas, e, o cristianismo, ainda espera pela chegada do Leviatã, um monstro marinho do livro de Apocalipse que possivelmente seria a representação do diabo na Terra.

1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela matéria. Me diverti lendo.

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