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"Sem comer e sem beber ninguém se cobre de glória" (provérbio viking).

sábado, 3 de setembro de 2011

Absinto: O Elixir Esmeralda

O ancestral do licor de anis foi criado por um médico francês chamado Pierre Ordinaire, refugiado monarquista da Revolução da França, em Neuchâtel, na Suíça de 1792.
 
A receita original tinha a pretenção de criar um digestivo médico, que incluía uma infusão de losna (Artemesia absintbium) e mais 15 outras ervas: anis, badiane, camomila, coentro, salsa, veronica, etc. Tais plantas ficavam mergulhadas em uma solução alcóolica com 68% de volume.

Dr. Ordinaire, surpreendentemente, morreu dentro de um ano após a elaboração da bebida, e como não tinha herdeiros, a receita chegou às mãos de sua governanta, Madame Henriot. Ela estabeleceu uma loja de varejo, auxiliada por suas filhas, a fim de vender o produto a uma clientela crescente, contudo, foi um cliente regular chamado Henri Dubied, que colocou o absinto em produção comercial.

Dubied em parceria com seu genro Henri-Louis Pernod, comprou a fórmula da Madame Henriot em 1797, construiu uma fábrica, promovendo a bebida ao status de elixir, que passou a ser um avassalador medicamento para a digestão, um afrodisíaco milagroso e até um potente remédio para a embriaguez (há algo conflitante nesse último efeito).

Pernod herdou o negócio em 1805, expandiu novamente a fábrica ao longo da fronteira com França e começou a rotular a bebida com seu próprio nome, fazendo distinção dos demais imitadores já inseridos no mercado local. 

O aumento das vendas chegou apenas na década de 1840 quando as tropas francesas que lutavam na Argélia foram agraciadas com uma ração diária de absinto, supostamente para evitar os males da malária. 

Os soldados que retornaram para a França em licença, levaram consigo sua sede, o que estabeleceu definitivamente os ditames da bebida no mercado nacional. 

Logo, o absinto foi ganhando popularidade como uma bebida de lazer da periferia boêmia de Paris. 

O pintor Toulouse-Lautrec tornou-se um consumidor fiel e o poeta Verlaine um viciado notório. Creditou-se a bebida propriedades alucinógenas, que levaram o pintor Vincent Van Gogh a cortar-lhe a orelha (mas nós sabemos que a causa foi o saturnismo oriundo das tintas). 

A bebida, cujos poderes de intoxicação foram amplamente aceitos, foi batizada com um número de apelidos como "la déesse verte" (a deusa verde) e "la fée verte" (a fada verde).

Em 1905 o absinto foi proibido na Suíça por consequência de crime hendiondo. 

Um fazendeiro chamado Jean Lanfray, assassinou a tiros sua mulher grávida e duas filhas após uma bebedeira. O tribunal decidiu que os dois copos de absinto que Lanfray bebia diariamente eram os culpados.

Os magistrados escolheram, por motivos desconhecidos, ignorar o galão de vinho, a cerveja e o conhaque que o réu também consumia todos os dias. Lanfray foi condenado por homicídio e sentenciado à prisão perpétua, mas se enforcou em sua cela, pouco tempo depois. 

Em um referendo de 1907, o povo suíço votou a favor da proibição da fabricação e venda do absinto, até mesmo para exportação.

Por razão da alegada toxicidade da bebida, a França seguiu o exemplo da Suíça em 1915, e posteriormente outros lugares na Europa e nos Estados Unidos repetiram o veto, mas nunca na Grã-Bretanha

Uma versão "revival" do produto, o Trenet Absinthe, é feito atualmente em Le Havre, mas toda a produção é exportada, já que a proibição da venda ainda está em vigor na França.
 
Outra marca popular contemporânea é o Absinth Hill, com 70% de teor alcóolico, produzido pela destilaria Hradec Jindrichhuv em Praga, República Checa.

Em breve espero elaborar uma postagem mostrando a forma correta para se fazer o ritual de consumo da bebida, que consiste em combinar o absinto com torrões de açúcar e água gelada.

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